terça-feira, 21 de setembro de 2010

Frases de Efeito e Depoimento (17/09)

 A Artista Orientadora sai, os Vocacionados fazem a festa


No dia em que Verônica viajou, nós nos embebedamos de conflitos, pensamentos e jogos teatrais. A nossa viagem teve início no universo infantil e terminou numa fobia intelectual; calma aí, não enxergam esse fim fôbico, meus leitores inteligentes,   como algo angustiante e "trash". As nossas experiências ainda não encontraram o seu ponto final, (será que precisa encontrar, me pergunto) porém estamos nos encaminhando a ele.

Frase de efeito só para escritora parecer inteligente: "O barato de criar é construir" ( paráfrase de F. Pessoa). Sim, leitores, a construção de algo sem um acabamento, definido e completo, é que torna o barato de criar mais interessante. Damos corpo, som, voz e imagem para pequenos objetos líricos do nosso pensamento: essa criança que ainda não morreu dentro de nós e os nossos heróis da infância que não morreram de overdose (pelo menos aqui). Exercitamos o músculo da nossa imaginação, pensamento e alegria.

A alegria. falo dessa sensação como uma poetisa. A alegria é diferente da felicidade, que por sua vez, é diferente até do prazer. É possível ser bastante triste e, entretanto, muito alegre; é totalmente necessário uma angústia com alegria, com essa sensação terrível de ainda conseguir sorrir quando o sol brilha. A alegria é uma sensação pertubadora, porém consoladora. Ser alegre é um exercício de conservação de uma pequena angústia que sobrevive no peito e se perde no prazer. 

Enfim, entenderam, leitores, a diferença da alegria e felicidade. Agora, eu paro de fazer essa mania de poetar. Retornamos ao assunto sério: o dia 17/09/2010 não foi nada sério, foi uma grande brincadeira de vocacionados que constroem juntos um caminho, que não é retilíneo, parece mais com o círculo a seguir:

Um círculo que não parece que tem começo e nem final, mas intui-se um começo e um fim. Como a vida, como essa coisa, essa matéria, esse espaço, esse tempo, essa filosofia, essa poesia, esse momento, essas imagens, essas lembranças, essas conversas, essas cervejas, essas bebidas, esses caminhos: chamado vida. 


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Seria muito bom se todos criassem também os seus protocolos para o teatro, para que o resultados fique com a cara e cada um envolvido no processo.

Produzam também os seus protocolos!

Essa é a foto do primeiro dia do vocacional...






Prometo tirar mais fotos no proximo encontro.

Vitor Amaral.

CEU Jardim Paulistano

Diário de Bordo

19 de Junho de 2010.

Terra do Nunca

Tivemos no domingo um evento fantástico no CEU Jardim Paulistano, logo que chegamos lá descobrimos porque que o “CEU” é tão bonito, o CEU Jardim Paulistano me pareceu muito bem projetado a não se pela falta de um teatro, depois de uma boa olhada fiquei imaginando o bem que uma instalação como essa é capaz de proporcionar para aquela comunidade, assim que chegamos, fomos presenteados com um sol bastante agradável e aos poucos foram chegando as pessoas, é muito bom rever alguns rostos já conhecidos e outros nem tanto, e ainda ver outros tantos pela primeira vez. Após nos conhecermos e reconhecermos, juntos, vocacionados e artistas orientadores se reuniram para cada um dos grupos apresentarem sua identidade, nós estávamos em três e fomos os primeiros, e apesar de cada um fazer uma grande falta, ainda sim conseguimos passar muito bem a nossa identidade, foi muito bom ver a rica diversidade dos grupos e a variedade de caminhos que se pode tomar durante o processo, um dos pontos alto foi o fato do grupo do CEU Jaçanã não estar presente a não ser por sua artista orientadora, e por isso eles acabaram por receberem o nome de "Eles perderam o trem das onze”, logo após todos terem se apresentado, fomos todos num alegre cortejo pelas ruas próximas ao CEU mostrando cada grupo um pouco de sua identidade, mais uma vez uma troca de experiências fantástica, assim que voltamos fizemos uma partilha e então partimos para o lanche, depois de bem alimentados ainda tivemos mais um tempinho para uma breve confraternização. Ao final de tudo ainda conseguimos uma carona na volta pra fechar o dia com chave de ouro.

Vitor Silva do Amaral.


Uma foto do dia...

O que leva você ao vocacional?

Diário de Bordo

15 de Maio de 2010.

Felicidade

Quando eu saí do ultimo encontro do vocacional fiquei imaginando o que poderia levar pessoas tão diferentes entre si a se juntarem e se divertirem juntas?
Cada um de nós chegou até aqui por impulsos diferentes, porém com um objetivo em comum, o mesmo objetivo que move todas as pessoas neste planeta, cada ser humano vivente, sem exceção, busca ao seu redor a felicidade, e em uma contemplação pessoal eu cheguei à conclusão de que o fato de termos aqui hoje essa “ilha de felicidade” na nossa semana, é porque a felicidade pode ser encontrada em gestos muito simples, essa busca incessante pela felicidade nos deixa cegos e com isso esquecemos que a felicidade nunca esteve tão perto, ela parte de dentro para fora, por isso muitos não conseguem encontrar-la do lado de fora. Como outrora disse um grande cantor e poeta: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, todas as vezes que nos reunimos aqui é como se parássemos de procurar a felicidade no amanhã e olhássemos apenas para o hoje, com isso conseguimos viver o momento tão intensamente que a felicidade se torna plena e incondicional.

Vitor Silva do Amaral.

Efeito borboleta

Diário de Bordo

10 de Julho de 2010.

Efeito Borboleta

A Teoria do efeito borboleta foi observada pela primeira vez por Edward Lorenz em 1963, diz a teoria que o bater das asas de uma borboleta aqui pode acarretar um tufão do outro lado do planeta, é lógico que o termo usado por Edward Lorenz é apenas uma forma alegórica para exemplificar a sua teoria. Ao sair do último encontro do vocacional na biblioteca Alvares de Azevedo fiquei pensando numa questão colocada no final do encontro, será que os jogos que fazemos durante um processo influem diretamente no resultado final e se mudássemos os jogos a cena final seria diferente?
Um ótimo exemplo dessa teoria é o filme “Efeito Borboleta”, nesse filme é possível observar a importância de cada detalhe na composição de algo, sempre que mudamos algo em qualquer tipo de processo isso pode acarretar consequências totalmente imprevisíveis. As cenas são sempre o resultado de um processo composto por jogos e várias outras coisas importantes para sua conclusão, se algo for alterado nesse processo mesmo que seja um detalhe mínimo, todo o resultado será diferente, não necessariamente melhor ou pior, mas com certeza diferente. Por isso que eu sempre digo que cada momento que vivemos aqui é único, e não se repetirá jamais.

Vitor Silva do Amaral.

Segundo protocolo

Diário de Bordo

05 de Junho de 2010.

Fases da criação

No ultimo encontro tivemos logo no inicio uma farta discussão a respeito do espaço em que se faz o teatro, contamos com a participação da coordenadora do vocacional em nossa discussão, chegamos à conclusão de que basta apenas um espaço vazio, não importa onde, desde que haja alguém assistindo. No decorrer do dia ainda discutimos a respeito das cenas abstratas na qual se deixa uma ampla margem de interpretação para o espectador, trabalhamos um pouco em cima dessas cenas e deixamos preparado para o próximo encontro duas cenas.
Ao final durante a partilha ainda falamos a respeito de como é formado e como dividimos entre jogos teatrais e cenas o nosso encontro e ainda qual a importância do protocolo para a criação da cena, na minha conclusão, acredito que tudo faz parte de um processo único e a cena na hora da apresentação é apenas a consequência de um processo bem executado, é apenas a ponta de um iceberg.

Vitor Silva do Amaral.

Meu primeiro protocolo 2010

Diário de Bordo

01 de Maio de 2010.

O Início?

Todo processo tem seu início, e por mais que a gente saiba que todo começo tem o seu fim, esse início em particular tem um certo gosto de continuidade, o que nos possibilita evoluir. Tão bom quanto conhecer pessoas novas para trocar novas experiências, é rever pessoas de quem a gente já gosta e trocar outras experiências, isso nos mantêm em constante evolução, há sempre o que aprender com as pessoas que nos cercam, e cada um tem uma particularidade, uma luz única dentro de si, por isso acredito que cada ser humano com quem a gente cruza na nossa vida é capaz de nos ensinar algo que ninguém mais pode nos ensinar. Sendo assim, todos têm a sua importância, o seu valor e a sua responsabilidade com aqueles que os cercam, e por mais que não tenhamos consciência, cada ato nosso é capaz de influir na vida de outras pessoas de formas totalmente diferente.
Por isso que eu me sinto muito feliz de estar aqui novamente, conhecendo pessoas novas e revendo pessoas que eu posso com toda segurança dizer que mudaram a minha vida sim de alguma forma, e me ensinaram muitas coisas que com certeza ajudarão eu me tornar um homem cada vez melhor para aqueles com que eu convivo.

Vitor Silva do Amaral.

Terra do Nunca

Esse é texto que temos trabalhado ultimamente nos encontros do vocacional

Terra do Nunca

Eles buscam por um lugar que eles não sabem se existe

Alguns nunca encontrarão outros nunca se encontrarão

Na Terra do Nunca o nunca não existe

O que existe é o sempre

Nada e tudo ao mesmo tempo

Ao raiar do sol os seus sonhos se realizarão

Ao cair do luar todas as realizações eles sonharão

Ouvi dizer que a Terra do Nunca está no próprio caminho até ela

E que o caminho até a Terra do Nunca, nunca acaba

Não sei bem a verdade, pois a verdade é uma grande mentira

Nada parece ser o que realmente é

Aquilo o que realmente é, é aquilo oque você quer que seja.

Vitor Silva do Amaral.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Se fossem outros jogos, seria a mesma cena?

Eis a dúvida! Essa questão, bem substanciosa, foi refletida por três turmas na região da Zona Norte, - Nuto Santana, Alvares de Azevedo e Céu Jaçanã, - num evento bastante significativo chamado Troca de Processos. Um debate que deu margem para um questionamento sobre a linguagem teatral. Nada foi respondido, talvez a intenção era essa mesma, não responder.

Havia quem defendesse a posição número um: se fossem outros jogos, seria a mesma cena sim. Outros deferenderam a posição número dois: se fossem outros jogos, a mesma cena não seria. A questão foi tão produtiva que surgiu um questionamento até de forma e conteúdo.  Para turma, talvez seria interessante levar essas questões nos encontros, elas são relevantes.

sábado, 19 de junho de 2010

Questionando caminhos

O encontro da nossa turma do dia 19 de junho de 2010 foi construido da seguinte maneira:

1º) Houve um protocolo da Bruna Landim (eu a autora que vós fala);
2º) Um resumão de todos os protocolos feitos pelos vocacionados;
3º) A turma conversou um pouco sobre as diferenças de linguagens dos veículos como teatro, TV e Cinema;
4º) A artista-orientadora Verônica Mello propôs um jogo em que nós, os vocacionados de sábado, interagíamos com os nossos objetos cênicos, que vinham desses protocolos, pessoas desconhecidas e um espaço distinto: a rua, que não estamos acostumados a trabalhar.


O protocolo é um procedimento feito pelos vocacionados para criação de novas dramaturgias, ele também é parte do processo. Esse procedimento não funciona como um diário em que normalmente se faz um texto mais informativo do dia, sem conotações diferentes para palavra. O protocolo é um jeito diferente de mostrar o modo de ver sempre singular de um vocacionado sobre o último encontro, e pode ser feito tanto com um texto, uma letra de música, um jogo teatral ou uma poesia, algo que represente o último encontro com a turma, portanto, ele também é um trabalho artístico.

Neste encontro, a pessoa que ficou responsável pelo protocolo foi a Bruna Landim, - eu a autora. Ela preparou vários fragmentos de textos, de poesia e prosa, e os colocou numa caixinha, propondo uma relação diferente com eles. A autora ensinou uma música muito complicada, que é o grande e badalado hit de todos os tempos: parabéns para você, e disse que era para falar os textos no ritmo dessa música e depois relacionar com uma imagem em que lendo esses fragmentos os vocacionados haviam pensado. Assim, várias propostas usando uma estética irônica sugiram.

A seguir, os textos que foram usados no tal protocolo:


Ode às cores das flores
                                                   [Bruna Landim]


A flor é verde

Oca é a semente, matéria-prima da obra máxima:
                                                      [aquela flor ainda verde!
Menina bêbada da luz solar, nascente neste mundo todo noite
Tadinha, mal consegue mostrar os seus cabelos
                                     [para lua
Trancada nessa oca


A flor é azul

Numa expressão aveludada, o rosto sorrindo
Ela se alegra.
O moço a alimenta e a flor enamorada fala:
Ó Menino bonito, por que não me dá essas vestes cinzas
[e dorme junto comigo na noite infinita]


A flor é preta

O rosto desmanchando,
A florzinha morre, tinha pétalas azuis
[ e aveludava-se quando sorria.

O rosto apagando,
A flor miúda desaparecia, a pétala azul sumia
[No tempo gasto, uma a uma se esvaíam].


Fragmentos sobre o Dr. Blonk
[Bruna Landim]
I


O Homem é um reflexo da água da privada, bebe, bebe, bebe, caga, caga, caga, vomita, vomita, vomita. As fezes e o produto estranho, que saem dele, são do Homem. Ele olha para as águas e se ver como imagem da sua própria sujeira.


II


Ele olha para as águas e se ver como imagem da sua própria sujeira e diz: “sim, eu sou da teoria em que vejo o ser humano como um lixo, é igual vomitar no vaso e depois de muito chapado perceber aquela imagem refletida que é sua. Sim esse sou eu”


III

Sim esse sou eu. Antes de perceber a minha fobia, - o nome técnico para essa doença que tenho é pânico do Homo sapiens sapiens. Entro em pânico quando estou em multidões. Assim começa, primeiro, me vem a ânsia de vômito, depois, o coração bate, depois, os músculos ficam contraídos, depois, eu escuto todo movimento repetitivo e, depois, não me acontece mais nada, só o silêncio.


IV


Só o silêncio. Percebo nesse silêncio duas coisas: a) faz tempo que não me alimento direito; b) faz tempo que não durmo com alguém pensando em fazer ela gozar. Só o silêncio. Percebo que a minha realidade não é nada que havia imaginado quando era pequeno, o meu menino, que era eu, gostava de violino e não de medicina.


V

O meu menino, que era eu, gostava de violino e não de medicina. Os contos de fadas chegam em um momento que simplesmente não fazem nenhum sentido. No mundo da música, quando menino, me imaginava tocando o meu braço direito, que era feito de cordas finas, e acariciando o meu corpo, que era de madeira italiana. Ah! Quando eu era menino, o meu corpo era de madeira italiana...


VI

Ah! Quando eu era menino, o meu corpo era de madeira italiana. No dia que me tornei médico e adulto, o meu corpo se transformou em vômito puro da cerveja da mais péssima qualidade. Foi desse jeito que aprendi a ter fobia.

"Onde está a terra do nunca?" é a pergunta, que nos norteou para fazer a primeira interação na rua com pessoas diferentes, e também saiu de um protocolo. Ela foi o ponto inicial para a criação de outras perguntas e alguns caminhos. Com algumas regras norteadas pela A.O (artista orientadora), a turma caminhou em busca desse lugar e perguntando a pessoas sobre o clima, a alimentação e toda vida que supostamente pode existir nessa terra do nunca.

O espaço foi mudado. Caminhar pela rua, falar com pessoas, concentrar-se nas regras do jogo e na ligação com o grupo foram tarefas bastante complicadas, que ao longo de um processo, não haverá dúvidas, tudo será lapidado e formatado. Encontraremos um caminho sem afobação.

O trabalho está começando. A turma é bastante criativa, existe uma variedade grande de experiências a ser compartilhadas entre nós. Começamos com aparentemente uma pergunta boba, talvez não há nem necessidade de encontrar uma resposta definitiva, ou talvez seja o contrário. O fato é que começamos, a pergunta está aí e essa inquietude de questionar é empolgante. Não precisamos ter pressa com respostas, aproveitamos o momento da dúvida que é único e bonito. Só isso; mais uma vez, foi um prazer novamente passar a manhã entre vocês vivendo tudo isso.



sexta-feira, 11 de junho de 2010

nossa identidade - o início de tudo

onde estamos agora? que cara temos? que caminhos seguiremos juntos?

o protocolo da Thais nos propõe uma viajem. um possível caminho. sem respostas, mas pleno de desejos.

EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA

é para Lá que vamos. seja Lá o que for... só o caminho nos conduzirá em uma direção. o caminho de nosso processo de trabalho.

beijos e até sábado

domingo, 6 de junho de 2010

início de descobertas conjuntas

Este é um início de um caminho de descobertas cênicas conjutas. Neste processo refletimos, criamos e convivemos com o outro, com outros eus, com o teatro. Espaços vazios serão criados, preenchidos e novamente esvaziados. Que este blog seja uma extenção de nosso encontro. Um documento. Uma lembrança. Um outro palco.